A primeira edição do Mapeamento de Inovação Social em Longevidade no Brasil, realizado pelo Lab Nova Longevidade, nasce dessa inquietação manifesta em uma longevidade em franco processo de invenção. É verdade que velhas desigualdades ainda persistem e se somam a novas: vide o número de brasileiros com 60 anos ou mais analfabetos (15,4%) [3] e o número de não-usuários da internet entre o grupo etário (51%) [4]. Daí o desafio de mobilizar recursos para enfrentá-las até que o envelhecimento seja um direito de todos os brasileiros e que a longevidade seja uma experiência de equidade e inclusão. Esses recursos são ferramentas, tecnologias, investimentos, aprendizados e um pouco da ousadia que geralmente move aqueles que estão atuando na ponta, mas também são as conexões capazes de escalar as inovações necessárias para colocar em prática uma arquitetura de mudança.
O próprio Mapeamento é fruto de uma série de conexões possíveis a partir da rede de impacto que se formou para apoiar o filme Quantos Dias. Quantas Noites, documentário que mergulha nos desafios do envelhecimento e do cuidado em contextos de desigualdade no Brasil. Nesta rede se conectaram Ashoka e Instituto Beja. O Lab Nova Longevidade é fruto desse encontro e já nasce com os mais de 40 anos de conhecimento acumulados pela Ashoka, maior rede de inovadores sociais do mundo, e com o compromisso da filantropia estratégica e disruptiva do Instituto Beja.
Isso quer dizer que Governo, Iniciativa Privada, Sociedade Civil, Academia, Mídia e Influenciadores precisam, antes de tudo, reconhecer o envelhecimento populacional como um problema social transversal a tantos outros. A partir daí, é urgente inovar com respostas mais efetivas, eficientes, sustentáveis e justas que beneficiem toda a sociedade, considerando ainda a heterogeneidade com que envelhecemos. Mais do que isso, é necessário que haja sinergia e colaboração intersetorial.
O Mapeamento do Ecossistema de Inovação Social em Longevidade tem exatamente esse primeiro propósito: identificar e promover a conexão entre atores que estão ajudando a repensar o envelhecimento no Brasil. E não foi surpresa que o Itaú Viver Mais se juntasse a nós nessa jornada exploratória. Ao contrário, a conexão foi muito coerente com o seu pioneirismo e suas contribuições para as pesquisas e projetos sociais no campo do envelhecimento.
Mas foi, para todos nós, surpreendente descobrir que não só temos um ecossistema, como temos um campo de inovação social em longevidade. Mapeamos cerca de 400 iniciativas em todas as regiões do Brasil e 62,3% delas já possuem 5 anos ou mais de atuação. E, apesar de termos acessado metrópoles e sertões, esse relatório é apenas nossa primeira expedição, tateando ações e corações, no potente Ecossistema de Inovação Social em Longevidade no Brasil.