A partir da pergunta-guia:
“Na sua opinião, o que impede pessoas de se manterem saudáveis, independentes, produtivas e em constante desenvolvimento ao longo da vida para que possam seguir colaborando com uma sociedade participativa e equitativa para todas as idades?”
Foi feita análise de conteúdo das respostas de participantes de todos os setores. Emergiram seis temas principais que o ecossistema identifica como barreiras para que as pessoas possam seguir contribuindo para uma sociedade participativa e equitativa para todas as idades.
Desigualdades
Acumuladas ao
Longo da Vida
Seis Vezes
Educação
Na Fila por
Saúde de
Qualidade
O Direito de
ir e vir e de
Participar
Garantias para
envelhecermos
como Cidadãos
Uma cultura
jovem-cêntrica
60,8%
dos domicílios com pessoas idosas ou em 20,6% do total dos domicílios brasileiros, a renda da pessoa idosa era responsável por mais de 50% da renda dos mesmos.
de trabalhadores com 60 anos ou mais estão na informalidade.
de brasileiros são inadimplentes. 18,9% deles têm mais de 60 anos.
seria o incremento no PIB do Brasil se pessoas com 55 anos ou mais que querem trabalhar encontrassem as oportunidades para voltar à força de trabalho.
A Educação foi identificada como principal barreira para a colaboração ao longo da vida e em seis âmbitos diferentes.
O primeiro é relacionado às desigualdades sociais e se refere ao acesso à educação formal desde a infância e que se reflete em baixos níveis de letramento e escolaridade entre pessoas idosas no Brasil.
Por outro lado, e esse é o terceiro âmbito, faltam oportunidades para o aprendizado continuado de pessoas idosas, com destaque para usos de tecnologias, letramento financeiro e desenvolvimento profissional.
O quarto âmbito é o do desenvolvimento dos campos da Geriatria e Gerontologia e trata da necessidade de sensibilização e formação de profissionais de saúde para atendimento qualificado da população idosa e de suas necessidades.
O quinto é uma educação para a prevenção e conscientização sobre a adoção de estilos de vida saudáveis.
O sexto trata da urgência de uma Educação para a Longevidade e aborda a necessidade de produção de conhecimento para combater o idadismo e preparar todas as gerações para o envelhecimento saudável e ativo.
16%
51%
da população com 60 anos ou mais acessava a Internet em 2023. Grau de escolaridade é o maior preditivo para adoção e uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). No Brasil, 32% da população analfabeta ou com educação básica acessa a internet contra 97% entre os brasileiros com ensino superior.
9%
dos 60+ usuários de Internet no Brasil fizeram cursos a distância em 2023.
Os sistemas de saúde não estão preparados para a mudança demográfica. Por um lado, há a demanda crescente por cuidado e a escassez de recursos em geral. Por outro, falta atendimento qualificado para as demandas da população idosa (profissionais especializados em geriatria, por exemplo). Além da prevalência de doenças crônicas, a falta de programas com foco em prevenção impede que muitas condições de saúde sejam diagnosticadas e tratadas precocemente, agravando quadros físicos e mentais e comprometendo a continuidade de participação em atividades sociais e profissionais.
Considerando os recursos de saúde disponíveis, sua distribuição no território é desigual, comprometendo a equidade no acesso. A digitalização de serviços e telemedicina poderiam ampliar e democratizar o atendimento e cobertura de sistemas de saúde, mas a exclusão digital reduz o impacto entre a população idosa. Por último, há menção aos familiares como provedores de cuidado e à necessidade de reconhecimento e suporte para esse trabalho informal, desempenhado prioritariamente por mulheres.
2.670
é o número de médicos especialistas em Geriatria no Brasil, o que equivalente a 1,25 especialistas por 100.000 habitantes. A maior concentração de especialistas é na região Sudeste (58,9%) e a menor na região Norte (2%).
44%
dos 60+ usuários de Internet no Brasil procuraram informações relacionadas à saúde ou a serviços de saúde em 2023.
A falta de ambientes desenhados para serem acessíveis e seguros para todas as idades podem restringir a mobilidade das pessoas idosas, dificultando seu acesso à saúde e ao lazer e diminuindo sua capacidade de participar ativamente na sociedade. Mudanças na infraestrutura são necessárias desde o planejamento do transporte e dos espaços públicos até das moradias – projetadas para prevenir quedas e para favorecer o bem-estar e a autonomia ao longo da vida.
Ambientes inclusivos favorecem as trocas intergeracionais e as conexões sociais necessárias para mitigar os efeitos do isolamento, da solidão e da depressão, além de contribuírem para a expansão de redes comunitárias e de apoio fundamentais para o envelhecimento saudável.
A inclusão deve se estender aos ambientes digitais que tanto podem favorecer a conexão social e o aprendizado continuado, quanto podem ampliar o acesso a serviços fundamentais para a saúde, participação e cidadania ao longo da vida.
32
cidades
brasileiras são certificadas como Amigas da Pessoa Idosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Políticas públicas eficazes que promovam a saúde, educação e inclusão social ao longo da vida favorecem o desenvolvimento de uma sociedade mais equitativa e participativa. A interface com o governo e a prestação de serviços públicos precisam ser repensadas para responderem às necessidades do rápido envelhecimento populacional.
É preciso ampliar as leis e reforçar a aplicação de sansões para erradicar a violência e discriminação contra a pessoa idosa. São necessárias garantias para que as pessoas idosas sejam tratadas com justiça e igualdade inclusive no mercado de trabalho. Programas de aprendizado contínuo deveriam ser uma prioridade nas políticas públicas dirigidas à população idosa porque favorecem a permanência na força de trabalho e a geração de renda extra, além da sociabilidade e propósito. A participação das pessoas idosas é enfraquecida pelo pouco conhecimento sobre os próprios direitos, a apatia política e a falta de representatividade das pautas da longevidade na política.
Voto 70+
facultativo
A Constituição Federal (artigo 14, inciso II, parágrafo 1º) estabelece que o voto é facultativo para o cidadão a partir dessa idade.
282 mil
violações
referentes às pessoas idosas foram registradas pelo Disque 100, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, entre janeiro e maio de 2023.
A crença enraizada de que o Brasil é um país de jovens contribui para a perpetuação de estereótipos sociais que marginalizam os mais velhos, vistos como dependentes ou incapazes de contribuir para a sociedade. O preconceito por idade, mencionado pelos termos idadismo, etarismo ou velhofobia, reduz as oportunidades de participação abertas às pessoas idosas, incluindo sua permanência no mercado de trabalho.
A percepção da velhice como declínio e não como um estágio natural da vida compromete a autoestima e motivação da pessoa idosa, sua saúde mental, sociabilidade e qualidade de vida.
A discriminação vivenciada socialmente pode ser interiorizada e reforçada pela própria pessoa idosa, resultando em isolamento, diminuição das atividades comunitárias e das redes de apoio fundamentais para o envelhecimento saudável. Além disso, a aversão ou medo de envelhecer pode retardar a conscientização individual sobre a necessidade de adoção de hábitos saudáveis para manutenção da autonomia e produtividade ao longo da vida.
Por isso é necessária uma mudança cultural para incentivar as contribuições da pessoa idosa e para valorizá-las para além da chamada economia prateada. As novas representações da velhice nas mídias e na publicidade podem contribuir para uma sociedade mais inclusiva e participativa para todas as idades.
31%
dos empregadores associam negativamente pessoas mais velhas e seu potencial de adaptação às novas tecnologias.
50%
dos consumidores 50+ se sentem ignorados por marcas, empresas e governos.
Idadismo
“O idadismo tem consequências graves e de longo alcance para a saúde, o bem-estar e os direitos humanos da população. Para pessoas idosas, o idadismo está associado a uma menor expectativa de vida, pior saúde física e mental, recuperação mais lenta de incapacidade e declínio cognitivo”.