Lisiane Lemos

Lisiane Lemos

Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade do Rio Grande do Sul

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Eu acho que a gente só constrói política quando as pessoas a quem vamos servir estão na mesa tomando essa decisão.

Lisiane Lemos

Por que a pauta da longevidade é importante?

Lisiane Lemos: Meu último cargo no Google foi trabalhar com diversidade de recrutamento, focado em minorias. Então, pensando Latinoamérica inteira, mulheres, população LGBTQIA+, povos originários, pessoas com deficiência. O primeiro choque que eu tive foi a média de idade. Na Microsoft eu trabalhava com pessoas bem mais velhas. E quando eu fui para o Google, a média de idade era 30 e menos. E tem uma cultura que não valoriza as pessoas 40+ e 50+. Nos quase quatro anos que eu fiquei lá, eu vi pouquíssimas pessoas que tivessem mais de 50 anos. E sabendo que a gente está cada vez mais longevo, com o nosso intelecto desenvolvendo mais, eu pensava, será que eles não enxergam fortaleza nisso? Como é que a empresa mais inovadora do mundo não vê esse ponto? Indo para o setor público, parecia que era uma reprodução da mesma coisa. Tecnologia só para jovens, tecnologia só feita na escola, tecnologia só feita desse jeito. Não faz sentido, isso tem que ser para todo mundo. E aí, quando a gente vê os dados e entende que eu estou no estado mais longevo do país, eu mesma tive que reaprender e transformar minha visão sobre o ensino e uso de tecnologia, porque era uma visão muito pautada em São Paulo, nos grandes centros, em grandes empresas. Então eu tive que destruir tudo que eu aprendi e reconstruir. Eu hoje tenho dois homens-avôs com mais de 60 anos no meu time construindo políticas de inclusão digital. Isso porque eu acho que a gente só constrói política quando as pessoas a quem vamos servir estão na mesa tomando essa decisão. Então, todo teste que a gente vai fazer de alguma formação nova, de alguma aula nova, a gente fala que o Marcelo, que é esse meu assessor 60+, ele é o aluno mais difícil porque ele é supercrítico. Meu aprendizado começa quebrando tudo que eu aprendi nessas grandes empresas, que eu acho que estão fazendo do jeito errado, e colocando as pessoas idosas para construir políticas de inclusão digital para pessoas idosas.
Dois amigos 60+ estão se abraçando.

Considerando o enfrentamento da emergência climática e o fato do Rio Grande do Sul ser o estado mais longevo do Brasil, resume então quais são os desafios da secretaria em relação à inclusão digital dessa população?

Lisiane Lemos: A gente tem o dia inteiro? Acho que existem dois momentos da secretaria. Quando eu cheguei, em fevereiro do ano passado, a gente desenhou como objetivo desenvolver políticas públicas de inclusão digital, empreendedorismo e equidade, com priorização de populações minimizadas e vulnerabilidades. Em toda a política que eu desenvolvo, ela tem que ter um recorte de raça, gênero e idade. Sempre. Porque a maioria das políticas públicas não tem esse olhar. Elas tâm um olhar sempre geral. Quando eu cheguei, a gente desenvolveu pilares. Primeiro atenção a populações de vulnerabilidades, muito focada em segurança pública e combate a golpes de segurança. Depois educação, empreendedorismo olhando para pequenos empreendedores e agronegócio, que tem um recorte de população idosa muito presente. Quando a gente está em grandes centros, você acha que o seu celular é o centro do universo e que tudo vai ser feito pelo Instagram, pelo Facebook, pelo TikTok, ainda mais eu que vim do mundo de Google Ads. Entendendo o desenho do Rio Grande do Sul, onde metade dos municípios tem menos de 5000 habitantes, o que eu aprendi? Aprendi que para desenvolver políticas públicas de tecnologia eu tinha que aprender a comunicá-las pelo rádio e pelo jornal. Isso é enlouquecedor para uma pessoa que trabalhou só com tecnologia, mas grande parte escuta a rádio comunitária, rádio da cidade. Como é que eu vou conversar? Aí a gente desenhava política assim: como é que eu vou ensinar sobre golpe do PIX na rádio? A gente dá um jeito. Como é que eu vou ensinar sobre o golpe do PIX no jornal? Tínhamos muito esse desenho transversal, muito de educação, focado em segurança, que era uma das grandes preocupações. Eis que em julho do ano passado, veio a primeira enchente. E agora, em maio desse ano, a segunda. Eu literalmente destruí os quatro pilares do jeito que eu tinha pensado para ter uma nova secretaria focada na reconstrução.

E o que mudou?

Lisiane Lemos: O primeiro pilar foi focado em cuidado. Não adianta eu desenvolver políticas de inclusão digital se as pessoas estão passando fome, se elas não têm colchão, se elas não têm casa, se elas estão desabrigadas. A gente conseguiu alguns milhões de reais em doações de colchões, cestas básicas. O segundo pilar é de letramento digital. E qual é o aprendizado aqui? Grande parte das soluções que vocês vão mapear, elas são, de novo, balizadas em softwares que já vêm prontos para rodar. Só que elas não são pensadas para quem não sabe ligar o computador. Elas não são pensadas para quem não sabe mexer no mouse, não sabe clicar. Então, o nosso letramento passa por esse básico, por construir espaços acolhedores e turmas exclusivas para a população idosa para fazer essa jornada. Porque eu entendi que ela tem que ser do zero. Eu continuo com um pilar de educação, uma educação para o futuro, programadora. Então, sempre que eu lançar uma aula de programação, sempre que eu lançar um curso de formação em marketing digital, sempre que eu lançar um curso de empreendedorismo, eu terei uma turma exclusiva para pessoas 50+.

E por que a turma exclusiva?

Lisiane Lemos: A gente viu na prática. A gente tinha turmas de empreendedorismo e de programação dentro dos centros da Juventude. A gente abriu uma turma para alunos que já estavam nesses centros da juventude e outra para a comunidade, sem nenhum tipo de recorte. E as perguntas que as pessoas nos faziam eram: “essa turma vai ser exclusiva? Essa turma vai ter jovem junto?” O jovem tem às vezes um ritmo ansioso e não compreensivo com quem não é nativo digitalmente. Então, na verdade, talvez eu fizesse um recorte de turma para nativos digitais e não nativos digitais. Eu acho que esse seria o termo correto sobre o que a gente tem feito. E vou confessar que é muito baseado nesse conhecimento do Marcelo, que é esse meu assessor, que é 60+.

Ele é o grilo falante?

Lisiane Lemos: Ele é o nosso grilo falante e conselheiro para tudo. Quando eu convidei ele para fazer parte da minha equipe, foi uma surpresa para o governo, uma surpresa para ele mesmo, uma surpresa para todo mundo. “O que eu vou fazer numa Secretaria de Inclusão digital? Mas eu não entendo nada disso”. Eu falei que era exatamente isso que a gente queria mudar. A primeira coisa que eu faço com meu time é que eles têm tempo livre para aprender inglês. E no Rio Grande do Sul tem um curso, acho que é o único do país que é exclusivo para pessoas 50+, que é o Masters. E eu empurrei ele para fazer. E aí que começou todo esse estudo sobre turmas exclusivas. Porque a gente aprende diferente e fica confortável para conversar.
Senhor de descendência oriental, usa óculos, tem cabelos encaracolhados e vez uma camisa colorida

Como esses aprendizados retornam à secretaria?

Lisiane Lemos: Eles contribuem para o nosso primeiro piloto de turmas exclusivas num cenário pós-enchente. A gente tem cinco centros humanitários de acolhimento, que são os grandes abrigos. Então pessoas desalojadas estão na casa de parentes. Pessoas desabrigadas estão nos abrigos, que é o vulnerável do vulnerável, do vulnerável. E eu pedi para o vice-governador, que é o orquestrador de tudo, para que a gente organizasse todas as atividades de desenvolvimento e qualificação dentro dos centros humanitários. E lá eu tenho uma média entre 20 e 30 por cento da população 60+. E aí a gente vai desenvolver oficinas de pensamento computacional sem computador. E a gente vai ter turmas exclusivas, 60+ em parceria com uma universidade. A gente vai ter turmas de formação empreendedora e a gente vai ter formações exclusivas. Claro que, qual é o primeiro passo antes de eu colocar qualquer solução? Ir lá e perguntar se essas pessoas estão a fim. Isso também é outra coisa que a gente enfrentou dentro da secretaria. Todo mundo chega e assume que as pessoas idosas querem isso ou querem aquilo. Eu falei: primeiro vocês vão lá perguntar, depois a gente vai desenvolver. Então, pensando no cenário pós-enchente, teve muita gente que estava no topo da pirâmide falecendo porque não queriam sair das suas casas. Tem um quê informativo que a gente tem aí de segurança junto com a Defesa Civil. Tem muita gente que não teve acesso à informação porque não tem nenhum meio tecnológico e por isso algumas das nossas informações vão ser super básicas de uso de GovBr, boletim de ocorrência, reconhecimento de fake news, etc, etc, etc. E aí depois, se essa pessoa tiver afim, ela vai subindo na escada. Ela pode fazer aula de marketing digital, pode fazer aula de empreendedorismo, pode fazer aula de programação. A gente está muito nesse crescimento, mas acho que é sempre isso: primeiro é não pressupor que as pessoas sabem as coisas. Porque também existe um medo. E eu trabalho com inovação há muito tempo, você não se sente seguro de dizer “eu não sei mexer no celular”. Então, é proporcionar um ambiente de segurança psicológica, acompanhar a pessoa idosa na rampa de aprendizado e medir no meio do caminho para ver se está sendo eficaz. Mas o ponto desafiador é que os centros humanitários são feitos para durarem seis meses, sempre renováveis por mais seis, e o nosso termo termina em dezembro de 2026. Então, a cada dia que passa eu estou correndo contra o relógio.

Todo mundo chega e assume que as pessoas idosas querem isso ou querem aquilo. Eu falei: primeiro vocês vão lá perguntar, depois a gente vai desenvolver.

Por que garantir a inclusão digital da população idosa é importante? Quais são as consequências para a participação e para a cidadania ao longo da vida?

Lisiane Lemos: Um país tem que ser construído para todo mundo. Todo mundo tem que se sentir feliz. Tem uma parte do nosso mapa estratégico que é uma sociedade justa, inclusiva e feliz. Eu quero que as pessoas naquele estado, elas sintam que o Estado é delas, que o Estado é feito para elas e que a gente possa ajudá-las a não só serem longevas, mas a terem uma longevidade com qualidade, acesso. É um estado plural, onde as pessoas de todas as faixas etárias têm voz. Fazendo a jornada, por que eu e o Eduardo, meu chefe, a gente colocou o nome da Secretaria de Políticas de Equidade? Quando eu falo de equidade, é sobre dar as das ferramentas na medida das desigualdades dessas pessoas. Então eu construo turmas diferentes, mas eu permito que elas se sentem à mesa tomando essas decisões e falando, olha, quando vocês forem construir a política pública para pessoas idosas, deixa o idoso falar? Incluindo digitalmente a população idosa, eu soluciono grande parte dos problemas socioeconômicos que eu tenho no meu estado. Eu soluciono o êxodo de talentos, porque eu desenvolvo novos talentos que possam gerar renda. Com acesso à informação, eu vou mitigar problemas de saúde, porque essas pessoas vão deixar de ir aos postos. Eu vou mitigar problemas tributários, porque elas vão ter também uma visão financeira e orçamentária muito melhor. Eu vou ter problemas psicológicos e familiares e de combate à violência muito menores, porque as pessoas vão ter acesso à informação, vão conseguir dialogar e construir essas políticas. Então, eu poderia ficar muito tempo falando sobre os benefícios, mas eles são sempre nessa raiz. Se eu acredito que a pluralidade constrói inovação e aumenta o poder econômico de qualquer estado, eu preciso que essas pessoas sejam vocais. E eu acho que tem um efeito colateral que é de inspiração de outros estados. Isso porque se, no Estado que tem a população mais longeva do país, a gente conseguiu construir políticas efetivas num modelo escalável, eu posso emprestar, doar, ensinar para os meus pares. Então, acho que tem esse efeito cascata.

Você vem de uma sólida carreira no mercado, incluindo experiências no Google e na Microsoft. O que a gente pode aprender com a iniciativa privada em termos de inclusão digital, inovação e equidade?

Lisiane Lemos: Primeiro, o que a gente pode desaprender? As grandes empresas orbitam em torno delas mesmas. Então, se você quer se candidatar para o Google ou para Microsoft, você vai acessar o site de carreira deles, que funciona do jeito deles, que preenche o currículo do jeito deles e que funciona desse jeito e se não quer, adeus. Acho que esse é o primeiro ponto que a gente tem que desaprender. O que a gente pode aprender, eu acho que é planejamento, processo e escuta do cliente. Eu trabalhei sempre em vendas. E eu peguei muito a virada de cultura na Microsoft quando passou de uma empresa “teach it all”, quando achávamos que éramos geniais e incríveis, para “learn it all”, quando passamos a aprender e escutar o cliente e a ser crítico com a gente mesmo, isso me ajudou muito nessa jornada. Então, falando de políticas de inclusão digital, acho que esse é o que eu aprendi muito na Microsoft foi esse setor de escuta. Não se constrói nada sem ir a campo. Não se constrói nada sem escutar as pessoas e não se constrói nada dentro do escritório.

E com relação aos empreendedores sociais? De que maneira eles podem colaborar para esse momento da secretaria e para os desafios de inclusão digital e equidade? Tem algum exemplo de alguma colaboração exitosa que você possa citar?

Lisiane Lemos: Eu vou te falar um pouco do desafio que eu tenho com empreendedores sociais. Por alguns deles não terem trabalhado no governo, existe essa pressuposição de que a gente está cheio da grana. Além disso, o trâmite interno é muito difícil para essa contratação. A ideia de que, se eu escolhesse trabalhar contigo amanhã, era separar parte do orçamento e te escolher. Isso no máximo me levaria para cadeia. Então eu tenho muita dificuldade, mesmo com muita oferta boa, mas que vai me dar muito trabalho, que normalmente não vão ser efetivada nos próximos quatro anos. E hoje eu não tenho esse poder de ensinar como que as coisas funcionam do lado de cá. Mas a gente tem usado muito dessa questão de construir caminhos juntos para efetivar as coisas. E aí vai o meu exemplo.  Tem uma startup, uma EdTech que chama SoulCode. A SoulCode é fundada pela Carmela e pelo Fabricio que são ex-Microsoft, foram meus colegas. Encurtando a história, eu fui almoçar com eles e eles me apresentaram aula de programação, sem conhecimento, funcionando do zero. Eu falei “vocês não querem me dar uma turma?”. Eles deram. Com eles a gente não poderia contratar diretamente, mas eu posso fazer alianças com uma fundação que paga o trabalho deles e que doe para o Estado. Então, como que os empreendedores sociais podem ajudar agora?  Eu acho que é um pensamento muito coletivo. Como é que a gente conseguiria reunir todos eles num grande fórum, que fosse para o Estado expor os seus desafios, Ideathon, Hackathon, alguma coisa e que a gente ouvisse deles. Porque eu sou muito assediada no um-a-um e aí eu tenho 37 projetos para tocar ao mesmo tempo, mais uma secretaria, mais orçamento. Se eu for atender todo empreendedor que bate na minha porta, não vai funcionar. Então, acho que o desafio é muito mais a gente encontrar mecanismos efetivos de comunicação entre os dois lados: para eles me contarem o que fazem e eu contar o que eu faço e a gente conseguir soluções rápidas e escaláveis de contratação.
Senhora de cabelo bem curtos, sorri

Qual a importância da diversidade etária nas equipes que estão desenvolvendo produtos, serviços e mesmo políticas públicas?

Lisiane Lemos: É muito difícil liderar um time diverso etariamente. Quando eu fiz essa escolha, eu pensei, esse negócio tem que dar certo porque a secretaria tem que ser o retrato de tudo que eu acredito, mas ela não te prepara para isso. Quando eu estou falando dos meus funcionários 45+, eles se comunicam mais por áudio. Eu sendo 35-, odeio o áudio. E aí eu tenho que escutar os áudios deles. Aí a gente chega no meio termo. Às vezes eles me mandam um texto, às vezes eles mandam um áudio. A forma de convivência dentro da secretaria também é extremamente complexa, porque eu tenho nativos digitais e não nativos digitais. Então às vezes eu dou o mesmo direcionamento para ambos. Parte da equipe vai me entregar em duas horas, parte da equipe vai demorar 3 dias.    Eu tenho que fazer esse mapeamento de como cada um funciona como pessoa, do quociente geracional e dessa evolução tecnológica e ao mesmo tempo não gerar frustração. Porque também tem muito dessa construção de que velho não presta para nada. Se a sociedade inteira está dizendo que essa pessoa não presta para nada, eu vou na direção contrária. Mas eu tenho certeza de que a gente só tem atingido bons resultados, conseguindo doações na casa de milhões para dentro do Estado, porque eu consigo gerar soluções inovadoras e fora da caixa com esse time plural, que se complementa. Eu queria que outras pessoas vissem esses benefícios. E aí uma sugestão: a gente só vai conseguir entender isso quando tiver a coragem de fazer um censo dentro das organizações para entender o tamanho do nosso problema. E não é todo mundo que tem coragem de sentar e ver os índices.

O mapeamento identificou cerca de 400 iniciativas de todos os setores que estão ajudando de alguma forma a pensar e de uma maneira inovadora. O que que precisa acontecer para que a sociedade crie mais demanda por essas soluções?

Lisiane Lemos: A gente só vai criar demanda se a gente tiver acesso ao dado e à informação. Enquanto as pessoas não tiverem consciência do perfil populacional que a gente tem, elas não vão criar demanda. O que eu quero dizer com isso? Eu só descobri que eu vivia no estado mais longevo do país quando eu me sentei numa cadeira de secretária, sendo que durante 24 anos da minha vida eu vivi no Rio Grande do Sul. E as pessoas, elas só se preocupam com o que elas veem ou com a informação que chega até elas. Por que eu me preocupo com a minha segurança, com a criminalidade? Porque eu ligo a TV e ela está gritando todo dia que vão me assaltar na marginal. Mas não é todo dia que eu vejo a televisão olhando de uma forma otimista para o envelhecimento. Estamos ficando cada vez mais velhos; estamos cada vez mais produtivos; veja o exemplo de pessoa fulano de tal que está fazendo isso. Aí isso vai se tornar uma preocupação. Então, acho que a demanda só vai ser criada quando a gente conscientizar a população do cenário que a gente está vivendo aqui. Se não, ninguém vai se preocupar. Se você chegar nos meus 497 municípios, dos quais metade tem menos de 10.000 habitantes, eu posso afirmar com toda a certeza, que eles não sabem que nós somos a população mais longeva do país. Falta uma conscientização de que é bom, de que existe um caminho muito mais legal, de que essas pessoas podem contribuir mais. Mais casos de sucesso. Olhar por uma perspectiva otimista. Por exemplo, nossa secretária de educação tem 77 anos. A nossa secretária da Saúde tem 75, se eu não me engano. São as pessoas mais ativas e mais legais que eu conheço no governo. São as minhas ídolas. Elas me inspiram. Eu acho que falta isso. Eu tenho um mantra para a vida: a gente só sonha com o que a gente vê. Se eu ligo a televisão, se eu pego o celular e eu só vejo velhinhos fazendo tricô, jogando bocha, indo pro baile, eu não vou acreditar que essa pessoa pode ser uma pessoa programadora. Eu não vou acreditar que ela pode ter autonomia. Ela pode se aposentar e se aposentar pode ser legal, mas é um saber que está sendo desperdiçado. E isso vale para os jovens também. Narrativas de sucesso para que os jovens vejam que têm que aprender com as pessoas mais velhas.

Então, o que falta é uma educação para a longevidade?

Lisiane Lemos: Uma conscientização. Uma conscientização de que é bom, de que existe um caminho muito mais legal, de que essas pessoas podem contribuir mais. Mais casos de sucesso. Olhar por uma perspectiva otimista. Por exemplo, nossa secretária de educação tem 77 anos. A nossa secretária da Saúde tem 75, se eu não me engano. São as pessoas mais ativas e mais legais que eu conheço no governo. São as minhas ídolas. Elas me inspiram. Eu acho que falta isso. Só vamos gerar demanda quando a gente tiver bons exemplos que as pessoas vejam. Eu tenho um mantra para a vida: a gente só sonha com o que a gente vê. Se eu ligo a televisão, se eu pego o celular e eu só vejo velhinhos fazendo tricô, jogando bocha, indo pro baile, eu não vou acreditar que essa pessoa pode ser uma pessoa programadora. Eu não vou acreditar que ela pode ter autonomia. Ela pode se aposentar e se aposentar pode ser legal, mas é um saber que está sendo desperdiçado. E isso vale para os jovens também. Narrativas de sucesso que os jovens vejam que têm que aprender com as pessoas mais velhas.

Eu tenho um mantra para a vida: a gente só sonha com o que a gente vê. Se eu ligo a televisão, se eu pego o celular e eu só vejo velhinhos fazendo tricô, jogando bocha, indo pro baile, eu não vou acreditar que essa pessoa pode ser uma pessoa programadora.

Lisiane Lemos

Sobre Lisiane Lemos

Lisiane Lemos é especialista em tecnologia por escolha, sua paixão pelo universo digital surgiu da sua experiência como executiva em uma das multinacionais mais importantes do mundo. A partir disso, passou a se engajar em movimentos de inclusão de populações sub representadas em espaços empresariais, tornando-se porta-voz no ramo.

Seu principal desafio como figura de liderança é implementar o uso da tecnologia como instrumento de ascensão social dentro do mundo corporativo.

Para isso, co-criou e co-liderou iniciativas como a Rede de Profissionais Negros, o Comitê de Igualdade Racial no grupo Mulheres do Brasil, e o Conselheira 101. Também atua como mentora no programa de startups do Google, Black Funders Fund, e é professora no MBA de Tecnologia para Negócios da PUCRS.

Possui uma graduação em Direito, dois MBAs, um pós-MBA em Governança Corporativa e certificações nas áreas de educação e gestão de mudança. É nascida e criada em Pelotas, Rio Grande do Sul, e se considera uma pessoa naturalmente curiosa, acreditando sempre no poder do conhecimento para evoluir como líder.

Seu principal propósito é tornar o mundo melhor do que quando entrou nele, fazendo uso de qualquer ferramenta a seu alcance para fazer isso acontecer.

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